Com o aproximar do final do primeiro trimestre de 2019 surge um marco importante para a atividade da indústria naval, nomeadamente a Verificação do Relatório de Emissões (RE) do Navio em conformidade com a Regulamentação MRV.

Após a validação do Plano de Monitorização, surge uma segunda tarefa, tanto para os verificadores independentes como para os armadores.

Após um período de 1 ano de monitorização, em que as companhias recolheram dados sobre a atividade do navio (consumo de combustível pelas principais fontes de emissão a bordo, emissões de CO2 para a atmosfera, milhas percorridas durante as viagens realizadas, horas em viagem, indicadores de eficiência energética do navio), devem nesta fase preparar e emitir um Relatório de Emissões para ser verificado por uma entidade independente de modo a aferir o seu nível de fiabilidade.

Entre as atividades de verificação, deve-se garantir que todos os procedimentos do navio estão em conformidade com o plano de monitorização avaliado e, consequentemente com as Regulamentações MRV da União Europeia. Os dados apresentados no Relatório de Emissões devem ser declarados de forma justa e livres de irregularidades materiais.

MRV – Relatório de Emissões

As companhias deverão enviar à Comissão Europeia (CE) e às autoridades do Estado de Bandeira, até 30 de abril de 2019, um Relatório de Emissões verificado de modo satisfatório. A prova de que o relatório foi concluído com sucesso é garantida pela emissão de um documento de conformidade. Este documento, com validade de 18 meses, deve ser mantido a bordo para as atividades do ano civil que o precedem. As empresas devem cumprir esta obrigação, a fim de evitar sanções, que podem ir em casos mais extremos à expulsão do navio de portos da Comunidade Europeia.

A atividade de verificação pode ser vista como um processo interativo que visa melhorar continuamente os sistemas de gestão e controlo da atividade MRV do navio. A verificação envolve uma abordagem em duas etapas.

Numa primeira etapa, análise do projeto e das implementações feitas para o navio em termos de sistemas de gestão da atividade MRV (organização, procedimentos, sistemas de TI) e sistemas de controlo. As áreas de risco devem ser identificadas e os procedimentos devem ser verificados se estiverem em avaliação e em conformidade com o Plano de Monitorização e o Regulamento MRV da UE.

Testes extensivos e análise de dados de combustível devem ser feitos, assim como outras informações relevantes. Os verificadores devem avaliar o Relatório de Emissões, verificar a credibilidade dos dados e comparar as estimativas com base nos dados de localização do navio e as suas características (realizar testes rigorosos de rastreamento de dados até a origem, cruzamento de dados e re-cálculos). Identificar e avaliar os riscos relacionados com a atividade do navio (inerente, cálculos, controles e deteção).

 

 

Figura 1 – Plataforma THETIS da EMSA.

Com base nas informações solicitadas, o verificador elabora um plano de verificação que compreende um programa de verificação (deve descrever a natureza e o âmbito da atividade, tipo de atividades a serem executadas durante a verificação e sua extensão) e um plano de amostragem (descrevendo os métodos de amostragem). Para executar o plano de verificação, o verificador poderá questionar membros da tripulação do navio, fazer inspeção documental e visitas a bordo. Sob verificação devem estar as fontes de emissão utilizadas a bordo, dados de viagem comunicados, a consistência entre dados agregados reportados e dados da documentação relevante ou fontes primárias, a coerência entre o consumo agregado de combustível e os dados sobre combustível adquirido (guias de abastecimento de combustível – BDN) e a confiabilidade, precisão e materialidade da informação. Este processo é realizado numa plataforma criada pela EMSA, o THETIS MRV (Figura 1).

Ferramentas para Gestão de Dados

Para além dos dados do navio, o RE inclui equipamentos de medição utilizados a bordo, fontes de emissões e resultados da monitorização anual do navio (descrição do consumo de combustível, emissões diretas, totais dentro do período de comunicação – consumo de combustível e emissões de CO2), dados de distância, tempo, trabalho de transporte e dados de eficiência energética (valores de consumo de combustível por milha náutica ou por trabalho de transporte, e emissões de CO2 por milha náutica ou por trabalho de transporte).

A plataforma permite exibir os resultados numa forma gráfica para uma apreensão mais direta (Figura 2).

Uma vez que existem muitos dados para análise, os armadores através de ferramentas especializadas podem mais facilmente gerir esses dados, a fim de controlar as suas variações e tomar as devidas ações no momento certo. Isso permite aos operadores do navio ter um conhecimento mais preciso do comportamento do navio e como podem aumentar sua eficiência energética.

 

 

Figura 2- Gráficos de desempenho do navio gerados pelo THETIS.

 

Figure 3- Layout da Plataforma BOEM-S

Uma dessas ferramentas é o BOEM-S (Blue Overall Energy Monitoring System), desenvolvido pela TecnoVeritas.

Esta plataforma permite que o seu utilizador registe, monitorize e exporte indicadores de desempenho importantes para a atividade do navio (KPIs), bem como realizar relatórios em tempo real. É composto por vários módulos, como Gestão Técnica, Otimização de Viagem, Gestão de Equipas, Gestão de Manutenção e Relatórios e Documentos. Certamente, é um ativo valioso para os armadores no cumprimento das suas obrigações para com a Comissão Europeia e o Estado de Bandeira, para a monitorização e comunicação de Gases de Efeito Estufa.